quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Egonómico

Não te capacitas que não és o único ser sentiente. Recusas-te a atribuir carácter universal à dor dos que vivem. Ignoras não ser o único com impulsos nervosos que te percorrem. Largas-te desse peso que é o reconhecimento da causalidade medonha das tuas vontades e conveniências. Não te expões sequer ao pensamento sobre afinidade entre o que, te acontecendo, seria a coisa mais desumana e aquilo para que contribuis todos os dias. Receias as consequências de sequer ver a origem do teu prato, não te vá tirar o apetite e o conforto da ignorância. Achas-te tão diferente que nem te apercebes que tanto tu como ele têm nariz, olhos, boca, orelhas. Mas se te apercebes dás-te ao luxo de ignorar a ligação entre estes quatro que servem para a perceção do exterior e o outro, o tato. É conveniente, é fácil, é dececionante. Dás-te ao luxo de dizer que és tu que escolhes a tua educação mas recusas-te a atualizar a que te foi imposta. Vais ser grande quando não te achares tão maior, se és único é porque todos o são. Diz-te lutador quando aceitares o desafio de sobreviver sem as regras que te foram impostas e ditas fáceis. Aprende a colocar-te na posição do outro e a atribuir significado. Contesta-te sem te deixares alienar.